Você Sabia?
Nobel A. Krogh e o co-autor J. Lindhard fizeram 220 determinações da permuta gaso a respiratória de seis indivíduos (incluindo eles mesmos) que consumiam dietas variadas para determinar a combustão dos nutrientes durante o repouso e o exercício.
Por dois dias antes da realização do teste, os indivíduos adotavam uma dieta rica em carboidratos e pobre em proteínas ou uma dieta rica em gorduras e pobre em proteínas.
Krogh achava que diferentes relações da permuta gasosa respiratória (RERs, de respiratory exchange ratios) para o mesmo exercício realizado com a utilização de dietas diferentes poderia indicar o uso preferencial de um determinado substrato como combustível.
Câmara
Câmara fechada ímpar que consiste em uma bicicleta ergométrica e dois ventiladores.
O aparelho para a coleta dos gases foi colocado por fora e conectado através de um tubo de pequeno diâmetro.
A câmara foi montada em um banho de água para garantir uma vedação hermética.
Com esse sistema, Krogh coletava os gases respiratórios com um erro inferior a 1,0%.
Krogh fez mensurações minuciosas do gasto energético em repouso e durante duas horas de exercício na bicicleta utilizando um aparelho de circuito fechado com fluxo de corrente aérea, utilizado comumente durante aquela época.
Um banho de água circundava a câmara para garantir uma vedação hermética.
Os indivíduos pedalavam a bicicleta estacionária dentro da câmara com um tubo apropriado colocado entre o indivíduo e o aparelho da coleta gasosa fora da câmara (ver figura).
Um elemento típico da pesquisa de Krogh era que os grandes cuidados adotados na coleta dos dados garantiam uma alta precisão e fidedignidade dos dados individuais.
As mensurações da permuta gasosa respiratória proporcionavam lima exatidão de ± 1,0%, número este impressionante se levarmos em conta que o equipamento usado era produzido manualmente.
Os principais achados da pesquisa mostraram que a energia gasta para realizar uma quantidade constante de trabalho muscular variava inversamente com a RER.
Isso significava que existiam valores energéticos diferentes para as gorduras e os carboidratos; mais especificamente, o valor energético por litro de oxigênio consumido é menor para a gordura que para o carboidrato.
Apesar dos indivíduos consumirem exclusivamente gordura ou carboidrato (com a quantidade de proteína sendo constante), os valores RER não representavam a combustão apenas de gordura nem apenas de carboidrato.
Isso permitia a determinação da relação quantitativa entre a RER e as quantidades relativas de gorduras e carboidratos catabolizados.
Os pesquisadores mostraram que a quantidade relativa de energia derivada da gordura aproximava-se de uma função linear da RER.
Em uma segunda série de experiências feitas em dois atletas treinados em repouso e durante o exercício, a proporção de carboidratos para gorduras catabolizadas variava como uma função das disponibilidades relativas dos dois substratos.
Krogh e Lindhard admitiram que nem as gorduras nem os carboidratos isoladamente conseguiam atender as demandas energéticas do corpo durante o exercício, e que provavelmente uma mistura de macronutrientes funcionava simultaneamente como fonte de combustíveis durante o exercício.
Em síntese, essa importante experiência mostrou o seguinte:
A eficiência do exercício com carga constante aumentava com a utilização dos carboidratos em comparação com as gorduras.
Durante um exercício intenso, o desempenho dos indivíduos era precário quando as gorduras (e não os carboidratos) funcionavam como o nutriente preferencial.
A dieta precedente influencia o metabolismo do indivíduo durante o repouso e no estado pósabsortivo.
A RER ficava alterada na transição de repouso para exercício moderado, e aumentava com uma maior intensidade do exercício. Isso indicava uma maior dependência dos carboidratos como combustível.
O metabolismo das gorduras predominava durante as últimas fases de um período de uma hora de exercício com uma carga constante.
Fonte: Krogh, A. e Lindhard, J..: O Valor relativo da gordura e dos carboidratos como fontes de energia muscular. Biochem. J. 14:290, 1920.